Br / Primeira Lei De Sanderson

As Leis da Magia de Brandon Sanderson são um conjunto de regras de ficção que visam ajudar os escritores a ter um bom sistema de magia, assim como a integrar essa magia na construção de mundo.

Primeira Lei de Sanderson

A Primeira Lei afirma que quanto mais bem definido e compreensível for um sistema mágico, mais o autor poderá usá-lo em seu enredo. De forma simplificada, ela pode ser interpretada como: "Quanto melhor o leitor entender um sistema mágico, mais ele poderá ser usado para resolver conflitos."

Essa lei foi apresentada e explicada em um ensaio do Brandon Sanderson aqui sobre o tema da criação de sistemas mágicos na ficção.

A lei tem o objetivo de expressar duas coisas. Em primeiro lugar, se Magia X é Magia X, então dita Magia X tem regras definidas. Portanto, quanto mais rígida e claramente essas regras forem definidas e seguidas, mais fácil será para o autor incorporar a magia em uma história sem quebrar a Suspensão Voluntária da Descrença, criar uma sensação de Deus ex Machina ou fazer com que algo pareça uma Solução Tirada da Bunda. A Lei é um conselho para os autores criarem e explicarem as regras básicas de seu sistema mágico em sua história, de modo que os leitores entendam o que está acontecendo ao saberem "como" e "por que" ele funciona. Essas regras podem ser como as usadas em The Dresden Files por Jim Butcher, em que a magia é claramente definida em um nível de "porcas e parafusos", com limites definidos e explicações sobre como ela funciona em sua forma mais básica e nunca ultrapassa os limites do que é declarado. Ou as regras podem ser mais amorfas, desde que o leitor seja capaz de entender também se a magia é ou não aplicável a uma determinada situação. Por exemplo, "Dragon Ball" nunca explica de fato como funciona a manipulação de Ki e o treinamento para melhorar o poder de uma pessoa, mas segue um conjunto consistente de regras sobre quem pode fazer o quê e por que pode fazê-lo, e tudo isso é mostrado ao espectador.

Em segundo lugar, a magia mal explicada não deve ser usada para resolver problemas, apenas para criá-los. Em seguida, os protagonistas precisam resolver o problema usando meios mais mundanos. Essa fórmula é boa para construir mundos que pareçam misteriosos e perigosos, como os mundos da Terra-Média e de Westeros.

Sanderson demonstra o primeiro aspecto em seus próprios sistemas mágicos rigorosamente detalhados, principalmente em seus livros Mistborn. Ao longo da série Mistborn, apenas metade do sistema mágico foi explicado em detalhes, mas os leitores conseguiram determinar corretamente a natureza e as habilidades da outra metade com base nas informações fornecidas por Sanderson.

Segunda Lei de Sanderson

A Segunda Lei diz que "As limitações são mais importantes que os poderes". Isso significa que os poderes não tornam um personagem interessante; o que importa é o que ele não pode fazer. Sanderson usa o Super Homem como exemplo, destacando que o Super-Homem pode voar, tem superforça, tem visão a laser e muitas outras habilidades. Mas o que torna o Super-Homem interessante é seu código moral e sua fraqueza à kryptonita.

Sanderson subdivide ainda essas falhas em Limitações, Fraquezas e Custos. Limitações são as coisas que a magia não pode fazer (como "o Super-Homem não pode ver através do chumbo" ou "a magia não pode desfazer algo"). Fraquezas são coisas às quais a magia é vulnerável ou maneiras pelas quais o uso dela o torna vulnerável (como "a kryptonita tira os poderes do Super-Homem" ou "enquanto você estiver usando o Um Anel, os Espectros do Anel podem vê-lo"). E os Custos são maneiras pelas quais usar a magia tem um preço, (como "homens que usam magia acabam ficando loucos" ou "se você ficar sem força, não poderá mais viajar mais rápido que a luz").

Terceira Lei de Sanderson

A Terceira Lei diz aos escritores que devem expandir o que já existe antes de acrescentar algo novo. Para fazer isso, há três direções que um escritor pode tomar: Extrapolar, Interconectar ou Simplificar.

Extrapolar é quando você faz a pergunta "O que acontece quando...?". Sanderson dá exemplos como "O que acontece quando um mago se converte ao cristianismo?" "O que acontece com a guerra quando a magia pode criar alimentos do nada, permitindo exércitos muito mais móveis?" 'O que acontece com a dinâmica de gênero se a magia faz com que todos os homens que a usam fiquem loucos?'

Interconectar significa que, em vez de manter todos os diferentes tipos de magia como habilidades separadas do tipo "olha só que legal", o escritor deve pensar em como os diferentes poderes podem fazer parte da construção do mundo e dos temas centrais da história.

A Simplificação é quando você olha para toda a sua magia e pensa: "Onde posso combiná-la?" Novamente, isso pode ser feito com os próprios poderes, ou você pode pegar um aspecto da magia e fazer com que culturas diferentes o entendam de maneiras diferentes.

Zerésima Lei de Sanderson

Em suas aulas online, Sanderson encerrou suas leis com a Lei Zero: "Sempre erre para o lado do que é incrível". À primeira vista, parece um endosso da Regra do Legal, mas na verdade é um lembrete de que a construção de mundos em geral e os sistemas mágicos em particular são apenas meios para um fim — isto é, escrever uma boa história. E boas histórias geralmente surgem quando um autor encontra uma ideia ou um tropo incrível que o cativa (e que, portanto, provavelmente prenderá os leitores) e trabalha de trás para frente para construir um ambiente em que essa coisa incrível se encaixe naturalmente.

Um excelente exemplo disso são as Shardblades de The Stormlight Archive. Em suas entrevistas, Sanderson discutiu como uma das principais inspirações para as Shardblades foi pegar as espadas gigantescas de anime e arte de fantasia e perguntar: "Como você poderia fazer uma arma tão grande ser realmente prática de usar? E que tipo de inimigo precisaria de algo assim para lutar?"

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