Também chamada:
- Lei da Parcimônia
- Lei da Economia
- Lei da Concisão
- A Lex Parsimoniae
Navalha de Ockham (também listado por nossos bons amigos da Rational Wiki) é uma navalha epistemológica; um princípio lógico que é usado no raciocínio dedutivo para avaliar teorias. É nomeado em homenagem ao frade franciscano do século 14 e filósofo escolástico William de Ockham, que foi um aplicador e proponente particularmente assíduo da Lei da Parcimônia, embora de forma alguma o primeiro a descrevê-la ou postulá-la. A Navalha de Occam costuma ser parafraseada assim: "A explicação mais simples geralmente é a melhor."
Infelizmente, isso pode levar a mal-entendidos, pelo menos no que se refere ao significado de "mais simples". O princípio real é: "Entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade" (ou "Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem"). Ou seja: a melhor explicação é aquela que faz menos suposições para explicar todos os dados. Isso significa que uma resposta altamente complexa pode realmente ser a melhor se uma resposta alternativa enganosamente mais simples falhar em um ou em ambos os aspectos (pode até ser mais fácil de entender, mas requer suposições não-comprovadas ou falha em explicar todos os dados). Também é importante lembrar que uma explicação que anteriormente explicava todos os dados pode deixar de fazê-lo no futuro, quando novos dados aparecerem e, portanto, pode requerer refinamento ou até mesmo uma substituição.
A maioria das teorias tem um fundamento de premissas subjacentes (as tais "entidades" mencionadas acima), todas as quais precisam ser verdadeiras para que a própria teoria seja verdadeira. A Navalha de Occam sugere que, todo o resto sendo igual, deva-se acreditar na teoria com o menor número de premissas subjacentes. Quando alguém realmente começa a olhar a fundo um problema, pode descobrir que uma explicação aparentemente simples é, na verdade, sustentada por toda uma série de suposições que à primeira vista passaram despercebidas.
Exemplo: Existem teorias que dizem que Antigos Astronautas construíram as pirâmides egípcias em vez dos humanos. Para que isso seja verdade, precisaríamos dos seguintes pressupostos:
- Aliens existemnote
- Eles são inteligentesnote
- Eles existem simultaneamente aos humanosnote
- Eles são mais avançados do que nós. note
- Eles desenvolveram um jeito de viajar interestelarmente/intergalaticamentenote
- Eles encontrariam a Terranote
- Eles podem construir pirâmidesnote
- Eles construiriam pirâmides.note
- Eles não deixariam nenhuma evidência óbvia de sua existêncianote
A teoria mais normal exige apenas que:
- Humanos existemnote
- Os humanos conseguem construir pirâmidesnote
- Os humanos construiriam pirâmidesnote
Você provavelmente consegue adivinhar com qual teoria Occam teria concordado e por quê.
Resumindo, ao tentar examinar um incidente para descobrir por que ele aconteceu, uma resposta simples envolvendo o lugar-comum e o razoável tem mais chances de estar correta. (Observação: mais chances, não sempre.) Em outras palavras, quando você ouvir o barulho de cascos nas ruas de São Paulo, pense em uma carroça, não em zebras.
A Navalha de Occam é a ruína dos teóricos da conspiração em todos os lugares, já que as teorias da conspiração geralmente se baseiam em muitas suposições no mínimo frágeis. Por exemplo, considere o Pouso do Homem na Lua, que muitos acreditam ter sido uma farsa. Em sua base, a conspiração afirma que os Estados Unidos não eram tecnologicamente capazes de enviar um homem à Lua e, portanto, tiveram que fabricar uma farsa. No entanto, quando você realmente entende o que seria necessário para tal conspiração ser verdadeira, você percebe que na verdade seria mais simples e fácil de fato enviar pessoas para a Lua.note (That Mitchell And Webb Look tem uma brilhante série de esboços sobre essa ideia, incluindo o pouso na lua).
Conforme mencionado acima, a Navalha requer que todos os dados sejam levados em conta. A física newtoniana é mais simples do que as teorias modernas e foi suficiente para levar um homem à Lua, mas Sir Isaac simplesmente não conseguiu explicar todos os novos dados coletados depois dele — a maioria dos quais era completamente desconhecida quando Principia Mathematica foi publicado. Isso exigia que outro homem inteligente — a saber, Albert Einstein — formulasse teorias mais complexas, particularmente a da "Relatividade". O próprio Einstein afirmou explicitamente esse ponto quando disse que as ideias devem ser mantidas o mais simples possível, e não simplistas. note Deve-se notar que as teorias de Newton não foram simplesmente jogadas no lixo. Enquanto as teorias de Einstein se preocupam principalmente com objetos que viajam a velocidades relativísticas e objetos com massa extrema (como buracos negros), as teorias de Newton ainda são usadas para corpos macroscópicos, desde que a massa e a velocidade não sejam muito grandes.
Outro erro muito comum é invocar a Navalha em um debate para adicionar peso a um determinado argumento. A Navalha de Occam é um guia mental — nada mais — e não pode ser usada por si só para validar ou invalidar uma teoria qualquer em particular. Esse uso é totalmente falacioso, pois a Navalha nada mais faz do que recomendar a busca de hipóteses que façam o menor número de novas suposições e expliquem todos os dados. Não é um bastão mágico que aponta para a resposta certa. Aplicá-lo dessa maneira inevitavelmente leva a uma corrida francamente embaraçosa para chegar ao fundo de qual teoria é a mais "simplista". Qualquer hipótese para uma dada pergunta ainda tem de ser testada, não importa o quão "simples" possa ser.
O inverso disso é a Navalha De Arkham, onde a solução mais bizarra é a mais provável de ser a correta. Veja também Navalha De Hanlon, onde eventos atribuídos à uma intenção maligna são mais facilmente explicados como sendo o resultado da estupidez de alguém.